sexta-feira, 19 de junho de 2009

DIPLOMA EXTINTO

Material coletada do Blog do Altino:

Acabou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal considerou incompatível com a Constituição a exigência da graduação em jornalismo para o exercício da profissão.

- Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até à saúde e à vida dos consumidores - foi um dos tantos argumentos do ministro relator Gilmar Mendes.

Meu amigo Antonio Alves, jornalista que não é diplomado nem sindicalizado, pondera:

- O problema é que a gente lê qualquer coisa, mas ninguém come qualquer comida.

Outro amigo, Cláudio Leal, jornalista diplomado na Bahia, em atividade em São Paulo, argumenta a favor do fim da exigência do diploma:

- Não vai aumentar o número de jornalistas. Vai até diminuir, o que é bom pro país. Essa raça não é boa.

Autodidata, gostei da decisão do STF, por entender que quem nascer para o jornalismo será jornalista. Mas fico a me questionar sobre o destino daqueles que nunca escreveram uma reportagem e não são sequer capazes de escrever um bilhete, embora ostentem o título de professores de jornalismo. Da mesma maneira penso sobre o destino da legião de rapazes e moças que buscam um diploma sonhando em ser Wiliam Bonner ou Fátima Bernardes.

Gosto do trecho de uma entrevista que o admirável repórter Ricardo Kotscho concedeu à revista Caros Amigos há cincos anos, quando revelou:

-Eu queria, como todo moleque, ser jogador de futebol. Não deu certo. Aí, fiz uma brincadeira que o cara que não dá certo em nada na vida acaba sendo jornalista. E quando não sabe nem escrever nem fotografar vira chefe.

E Renato Pompeu completou:

-E se não sabe ser chefe vai ser professor.

-Professor de jornalismo... Bem completado - acrescentou Kotscho.

Quem pode se contrapor aos argumentos da Taís Borjas Gasparini, advogada das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo, a entidade que pedia junto com o Ministério Público Federal o fim da obrigatoriedade do diploma? Segundo ela, o jornalismo não deve ser comparado às profissões de "médico, engenheiro ou piloto de avião".

- Ao contrário destas profissões, o jornalismo é um exercício puramente intelectual. Depende talvez do domínio da linguagem e do vasto campo de conhecimentos humanos. Mas muito mais que qualificação, é a lealdade, curiosidade, sensibilidade e ética que o jornalista deve ter. A obtenção desses requisitos não se encontra nos bancos da faculdade.


Bem, o fim da obrigatoriedade do diploma deixa muitas viúvas e viúvos, sobretudo entre os sindicalistas da "catigoria".

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