Um dos campos que despontam como importante mercado de trabalho para os economistas está justamente no meio ambiente. O Consultor e Mestre em Economia Ambiental, Roulien Paiva Vieira, destaca o crescimento da área e reforça que para o economista ocupar espaço no mercado “verde” que se forma precisa especializar e buscar conhecimento além das salas. O economista pode e deve integrar as análises econômicas com o contexto sócio-ambiental que o cerca, abrindo campos inexplorados.
Acompanhe mais na íntegra da entrevista com Vieira.
O Economista – O que o economista precisa para atuar nessa área?
Roulien Paiva Vieira – O profissional economista deve possuir conhecimento técnico-científico dos recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Saber das aplicações dos Acordos Multilaterais Ambientais como a Convenção de Estocolmo, Protocolo de Montreal, ECO 92, Protocolo de Kyoto, etc…, desenvolver habilidades analíticas para avaliar e implantar estes instrumentos em projetos e ações quotidiânicas o que poderá resultar em melhorias significativas para o meio ambiente, o bem estar e ainda possivelmente gerar Créditos Ambientais (Ativos Financeiros Ambientais reconhecidos pelo Banco Central que podem ser registrados em Esquemas de Negociações Ambientais de Créditos de Carbono, Metano, Óxido Nitroso, Energia, Água, etc … para comercialização.).O Economista – Há mercado? Quem procura?
Roulien Paiva Vieira – O acordo internacional que mais gera força de mercado para o crescimento deste meio econômico é o
Protocolo de Kyoto (PK) que forçou os países do Anexo-I (anexo) do mesmo, através de suas alíneas, a disponibilizar orçamento com a finalidade de compra e desenvolvimento de atividades que gerem o Crédito Ambiental, devidamente reconhecido e homologado pelos princípios do próprio protocolo. A soma do montante disponível destes países arrolados no Anexo do PK geram valores que podem e devem ser desembolsados com fins sócio-ambientais através dos Créditos Ambientais. Em 2001, parte do orçamento destinado a investimentos no âmbito do PK fora designado através de fundos para aquisição de Créditos Ambientais, na ordem de US$ 350 milhões, atualmente esta soma disponibilizada em forma de fundos, projetos e moeda corrente para investir neste mercado está estimada em US$ 600 bilhões. Sendo que os mais interessados em fazer parte deste mercado são os países que detém o débito sócio-ambiental parametrizado em 1990 nominado junto ao PK como déficit ambiental global e qualquer detentor de atividades que podem se transcritas e homologadas como Créditos Ambientais.
O Economista – O que estudar para atuar nessa linha?
Roulien Paiva Vieira – Tenho reparado no Brasil algumas universidades estabelecerem formações de Gestão Econômica em distintas áreas correlacionadas ao Meio Ambiente, e, pelas prerrogativas dos Acordos Multilaterais Ambientais, sabe-se que é necessário ter o conhecimento de Economia Ambiental do ponto analítico como o caso de ciências como a Econologia (Recursos Naturais e, Desenvolvimento Sócio-Ambiental Humano e Industrial), Finanças Ambientais, Antropogenia (atividade originada pela ação humana), Química Ambiental (química em processos naturais e, química em processos humanos e industriais), Toxigenicidade (ambiental e humana) e Avaliação de Sistemas Ambientais são essenciais para se apresentar uma análise econômica ambiental concisa.
O Economista – Quais os cuidados ao analisar ou efetuar um projeto ambiental? Roulien Paiva Vieira – Primeiramente determinar o enquadramento distinto e aplicativo entre a Gestão Ambiental, a Produção mais limpa e o Mecanismo Flexível (Protocolo de Kyoto), através dos instrumentos de análise como a Avaliação Pontual de Poluição, o Ciclo Evolucionário Sócio-Ambiental e a Avaliação do Sistema Ambiental, para definir a metodologia passível de ser proposta e implantada, pelos níveis de desempenho e eficiência ambiental almejados para a concepção do projeto em voga, delineando assim o tripé da sustentabilidade (social, econômico e ambiental) junto aos objetivos de execução desejados. Pois somente as metodologias técnico-científicas que tem validade junto à
ONU para aferimentos efetivos de desenvolvimento sustentável.
O Economista – Quais as vantagens para o profissional de economia? Roulien Paiva Vieira – O profissional passa a ter mais subsídios sobre externalidades e falhas que poderiam gerar defeitos sócio-ambientais estruturais nas atividades (empreendimentos, projetos, etc…) que são produzidas pelos comportamentos macro de mercado advindos da influência do homem junto ao meio ambiente.
Este profissional passa a ter dados e informações mais apropriados para avaliar, coordenar, determinar, gerenciar e implantar ações quotidiânicas mais seguras com relação à vulnerabilidade do ser humano para com o meio ambiente.
O Economista – Por que o Sr. buscou essa área?Roulien Paiva Vieira – Quando obtive êxito no concurso para o Mestrado Francês, poderia escolher entre 17 universidades e, como já detinha a Licença Européia para Operar no Mercado Bursátil Ambiental Internacional (ETS / ITL), tomei a decisão de escolher esta vertente das Ciências Econômicas habilitada em Economia Ambiental, o que me proporcionou melhor subsídio de avaliação para dirimir as negociações internacionais ambientais e profícua atuação em projetos e atividades na esfera sócio-ambiental.
O Economista – Os economistas brasileiros estão aptos para atuar nessa área?Roulien Paiva Vieira – Infelizmente os economistas brasileiros deverão realizar uma atualização / reciclagem em suas instruções para que adquiram este conhecimento extra com habilidade de atuação nesta vertente que se desponta como diferencial no mercado.
O Economista – O que indica para quem quer trabalhar esse setor?Roulien Paiva Vieira – Conhecer à fundo os Acordos Multilaterais Ambientais (Protocolo de Kyoto, Protocolo de Montreal, ECO-92, etc….) e os demais que estão por vir (Protocolo de Copenhague), e uma rigorosa atualização de conhecimentos de ciências como a econologia e demais já aqui citadas.
O Economista – Uma dica de livro ou filme para os leitores:
Roulien Paiva Vieira – Primeiramente, indicaria um acompanhamento sempre atualizado das negociações na esfera da ONU com relação ao meio ambiente, desenvolvimento, biodiversidade, etc … e como um início sobre Projetos e o Crédito Ambiental como ativo financeiro o livro
“Aquecimento Global e Créditos de Carbono”, da Editora Quartier Latin.
Roulien Paiva Vieira, Consultor, empresário, M.sc. Economia Ambiental pela URCA / França, operador no mercado ambiental de Bolsas Ambientais da Europa pelo MEFF - Mercado Espanhol de Futuros Financeiros. Sócio-diretor da MAR Assessoria Ambiental e Internacional e do sítio eletrônico
http://www.creditosambientais.com.br/, co-autor do livro Aquecimento Global e Créditos de Carbono, da editora Quartier Latin.